Adiada a conferência do Profº. Drº. Luis Kandjimbo no "Congresso Literatura, Soberania Nacional e Multipolaridade".

Por motivo de força maior, a conferência de hoje (13 h) do Prof.  Dr. Luis Kandyimbo será reagendada para outra data, a definir.

 

Resumo da conferência: Na década de 80 do século passado, o intelectual e político moçambicano, Aquino de Bragança (1924-1986) e o sociólogo e professor universitário norte-americano, Immanuel Wallerstein (1930-2019), organizaram a edição inglesa de três volumes de documentos produzidos pelos Movimentos de Libertação Nacional dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), intitulada The African Liberation Reader. Com os referidos volumes pretendia-se justificar a existência de um pensamento anticolonial e correspondentes acções e discursos, nos cinco Territórios Africanos Não-Autónomos que eram colónias de Portugal: Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, e nos restantes países da África Austral, nomeadamente, África do Sul, Namíbia e Zimbabwe. Aquino de Bragança e Immanuel Wallerstein entendiam que os Movimentos de Libertação Nacional, enquanto manifestações representativas do anticolonialismo não surgiam como actos espontâneos produzidos por um super-homem ou por instigação de alguma potência estrangeira. Por essa razão, o estudo da acção anticolonial implica o reconhecimento de um pensamento, de agentes e eventos produzidos fora das lógicas que estruturam os aparelhos do sistema colonial, num contexto em que determinados Estados impõem a sua vontade às comunidades de povos diferentes, em detrimento da sua autodeterminação. Deste modo, justifica-se a seguinte pergunta: Qual a natureza do pensamento e da acção anticolonial, entendidos como comportamentos epistémicos colectivos para o quais contribuem agentes individuais? A resposta permite concluir que a teleologia da acção anticolonial, fundada numa ruptura epistémica, nada tem a ver com o colonialismo. Daí emerge a necessidade de dissipar o indefensável equívoco que consiste em reduzir o fim das Filosofias Anticoloniais à descolonização e à apologia de um mundo pós-colonial.

Portanto, propomos uma reflexão sobre a Filosofia Anticolonial, enquanto ferramenta teórica e analítica, com a qual operam os intelectuais, os escritores e os políticos dos PALOP, constituindo assim o instrumento do discurso legitimador da autodeterminação que não pode inspirar quaisquer irredentismos luso-tropicalistas com ressonâncias de um saudosismo colonial.

Participarão dessa conferência, dinamizando o debate com o ilustre escritor, além do Profº. Drº. Luis Eustáquio, os pesquisadores associados ao NUDES e docentes da rede pública básica de educação capixaba, Profº. Doutorando André Serrano (UFES), Profª. Mestra Andressa Takao (UFES), Profº. Doutorando Marcos Rocha (UFES) e Profº. Doutorando Vinícius de Aguiar Caloti (UERJ-FFP), todos membros da "Revista Cultura e Sul Global".

Minibiografia do conferencista: O Profº. Drº. Luís Kandjimbo é ensaísta, escritor, crítico literário e filósofo angolano. Professor Associado, Especialista em Estudos Literários, Argumentação e Filosofia Africana. Doutor em Estudos Literários pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal). Mestre em Filosofia pela Universidade Nova de Lisboa. Bacharel em Línguas e Literaturas Modernas. Estudos Portugueses pela Universidade Aberta de Portugal. Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto (UAN - Angola). Outrossim, foi membro do Comité Científico Internacional da Unesco para a Redação dos volumes IX, X e XI da Historia Geral de África.

Aduz uma colaboração dispersa em variadas publicações angolanas e estrangeiras (Alemanha, Áustria, Brasil, Espanha, Estados Unidos da América, França, Moçambique, Nigéria e Portugal), dentre as quais infracitamos:

Apuros de Vigília (Ensaio e Crítica), UEA, 1988.

Apologia de Kalitangi (Ensaio e Crítica), Luanda, INALD, 1997.

A Estrada da Secura (Poesia) (Menção Honrosa do Prémio Sonangol de Literatura), Luanda, União dos Escritores Angolanos, 1997.

O Noctívago e Outras Estórias de um Benguelense (Contos) Luanda, Nzila, 2000;

De Vagares a Vestígios (Poesia), Luanda, INIC, 2000.

Ideogramas de Ngandji (ensaio), Novo Imbondeiro, Lisboa, 2003.

Ensaios para a Inversão do Olhar. Da Literatura Angolana à Literatura Portuguesa, Luanda, Mayamba Editora, 2011.

Ideogramas de Ngandji. Ensaio de Leituras & Paráfrases, 2ª edição, Triangularte Editora, Luanda, 2013.

Acasos & Melomanias Urbanas (Estórias), Editora Acácias, Luanda 2018.

Alumbu. O Cânone Endógeno no Campo Literário Angolano. Para uma Hermenêutica Cultural, Mayamba Editora, Luanda, 2019.

Filosofemas Africanos. Ensaio sobre a Efetividade do Direito à Filosofia, Ancestre Editora, Sergipe, 2021.

Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910