Nota de repúdio sobre a ameaça real de guerra do imperialismo ianque contra a Venezuela.

Tomada de posição do Núcleo Diversidade e Descolonização sobre a ameaça real de guerra do imperialismo ianque contra a Venezuela.
EM DEFESA DA VENEZUELA!
Desde os seus inícios, com o Renascimento e, ato contínuo, com o colonialismo europeu, seguido por sua fase interimperialista, a partir do final do século XIX, o capitalismo mundial e realmente existente estruturou-se e se estrutura pela divisão econômica, tecnológica, cultural e financeira entre o Norte, centro da concentração da cadeia planetária do valor; e o Sul superexplorado, extorquido, miserável, violentado, desumanizado, razão pela qual inevitavelmente os processos revolucionários emergiriam na periferia do sistema, tendo como desafios irrecusáveis e universais, sob o ponto de vista da Maioria Global, o que segue: i) o caráter nacional-popular das revoluções independentistas, soberanas; ii) a derrota necessária da aliança das oligarquias nacionais das periferias com as oligarquias das metrópoles; iii) a épica construção, contraditória, difícil e lenta, da via socialista, resultado da práxis necessária da desconexão com o sistema capitalista fundamentado no desenvolvimento desigual e combinado e, por consequência; iiii) a única forma de superação do racismo estrutural, que é uma deriva objetiva e fatal do saqueio do Sul Global.
1917, com a Revolução Soviética; 1949, com a chinesa; e assim igualmente tendo em vista os processos revolucionários da década de 50 do passado século, com o protagonismo de Coreia do Norte, Vietnã, Cuba, sem deixar de considerar o Primeiro Despertar do Sul Global, inaugurado com a Conferência de Bandung, indo até 1975, quando começou a refluir, enfim e em começo, sem desconsiderar as particularidades de cada país, os quatro desafios elencados no parágrafo precedente estavam e estarão sempre presentes porque o centro do sistema do capital e o próprio capitalismo, por extensão, não podem existir sem a periferização miserável da Maioria Global.
Nesse contexto, todas as instituições que se apresentam como internacionais, constituídas após a Segunda Guerra Mundial, como Banco Mundial, FMI, ONU, OMS, o Prêmio Nobel, ONGs, assim como a indústria cultural, a circulação de bens e serviços, incluindo o mercado teórico universitário, podem e devem ser interpretados como cavalos de Tróia contra os processos independentistas do Sul Global.
A esse respeito, o Prêmio Nobel da Paz sempre foi o seu revés, pois está a serviço da guerra total contra a autossuficiência soberana dos povos! Corina Machado, golpista, racista, agente oligárquica e corrupta do ianque imperialismo, indicada para o Prêmio Nobel da Paz, além de um deboche cínico, evidencia que: i) a vanguarda popular-nacional da democracia venezuelana é um exemplo épico para todos os povos do mundo, considerando o atual momento do falso da era do capitalismo das plataformas, dominado por EUA; ii) uma invasão militar estadunidense contra a altiva e digna pátria de Simón Bolívar de modo algum pode ser vista como problema exclusivamente venezuelano, pois, se derrotada, o portal do inferno se abrirá contra toda a América Latina, a começar contra os mais insubmissos, como Cuba e Nicarágua; iii) o Brasil também está na mira e depende, sim, depende, para continuar no BRICS+, que o herdeiro de Hugo Chávez, o DEMOCRATA, Nicolas Maduro (democracia real é a gesta soberana nacional-popular), não seja destituído por um golpe de estado e muito menos por bombas, marines.
O presente e o futuro da Venezuela são sobretudo o da América Latina! e, por extensão, da Maioria Global!
Na era do Segundo Despertar do Sul Global, Caracas é atual Bandung, capital, mais que Moscou e Pequim, da universalidade humanista, a advir, do socialismo multipolar dos povos! China e Rússia, líderes incontestes do mundo multipolar, em construção, não podem, sob hipótese alguma, repetir o mesmo erro que cometeram com a Líbia de Muammar Gaddafi, em 2011, com a milenar ( sem milenarismo) Síria e com a Palestina, acovardando-se em nome da realpolitik.
O período de 1950, guerra imperialista contra a Coreia, até 1975, revolução independentista de Angola, marcou o Primeiro Despertar do Sul Global (que o revisionismo acadêmico ocidental designou como pós-colonialismo, como parte da guerra semântica contra os povos).
A respeito, não podemos deixar de evidenciar, entretanto, o seguinte: i) mesmo com o apoio do internacionalismo solidário de Cuba, da URSS e de China, que forneceram armas, soldados e inteligência militar aos povos sublevados, efetivamente, após 1975, as lutas nacionais-populares independentistas decaíram, contribuindo para empobrecer ainda mais as periferias, com aumento da violência de gênero, étnica, epistemológica, assim como com o aprofundamento sem precedentes da crise civilizacional e ecológica; ii) o que só foi possível com o surgimento do neoliberalismo norte-americano, ao impor um novo sistema de trocas desiguais entre o Norte e o Sul, com o lastro sedutor em sua indústria cultural, tornada arma de guerra integral (eufemicamente chamada de fria) revisionista e publicitária contra a Maioria Global, razão de ser ideológica do fim da URSS.
O Segundo Despertar do Sul Global, o atual, está na obrigação civilizacional de aprender com os erros e com os acertos da história. A Venezuela bolivariana e insubmissa não pode ser abandonada covardemente aos primeiros, aos erros, exigindo dos povos um internacionalismo solidário renovado, poliédrico e ousado, compreendo como ousadia a união das forças-povos multipolares soberanas, berrando em armas: ianques, go home!
Afinal, se o Segundo Despertar do Sul Global for frustrado, não existirá um terceiro, porque, após a Terceira Guerra Mundial, a que se iniciou com o fim da Segunda, advirá a quarta, de pedras e paus, para lembrar uma conhecida frase de Albert Einstein; e, talvez, nem isso!
